Olá a quem por aqui passa e a quem por aqui fica. A quem já me conhece e a quem vem bater à porta, leve levemente, com o intuito de o fazer. Criei este espaço para que a minha escrita tenha uma casa. Uma casa de porta aberta, como aprendi a deixá-la e como fazemos na minha Beira Alta. Para que entre gente, que está frio lá fora, e há sempre alguma coisa para oferecer cá dentro. Aqui, nesta casa, há palavras. Entre, esteja à vontade, e boas leituras.
É numa casa aristocrática que Alice acorda um dia, sem memória da violência que a trouxe até ali e sem saber que foi salva pelo «menino Pedrinho», o filho do conde. Alice tem um segredo que Pedrinho descobre na noite em que quase a perde: ela pode ser invisível. Desde o dia em que é salva, Alice cresce com Pedrinho, escondida numa casa onde não é bem-vinda, entre o visível e o invisível, entre a inocência e a dor. Mas há segredos que não se podem partilhar a três e, quando Emília chega ao coração de Pedrinho, os dias mudam e os planos desfazem-se, até que, no crepúsculo da monarquia portuguesa, cada um descobre até onde a escuridão invisível do corpo os pode levar.
Na alvorada dos anos sessenta, uma professora leva os filhos e uma mentira para uma pequena vila da Beira. A ilusão de sossego não perdura. Na manhã geada do primeiro dia de aulas duas crianças e um incidente violento unem a forasteira às gentes da vila. Ao mesmo tempo, na capital, nas entrelinhas do silêncio, o homem que ficou para trás, desafia um regime que não admite ser desafiado. Ao longo de mais de uma década, ela, ele, e as vidas que se tecem à volta, levam-nos a uma viagem por um país pobre e amordaçado, pelas vidas condenadas ao sobressalto, pelas escolhas que se fazem e pelo preço pago — ontem, hoje e sempre — por erguer o humanismo num mundo hostil.
“O homem observou-os a descer a rua e levantou-se, incrédulo do que acabara de fazer. Com mãos trémulas e coração acelerado, apanhou os papeis, alguns pisados e rasgados, e seguiu caminho apressado. Contará à esposa, mais logo, e ela perguntar-lhe-á “mas Jorge, e se fosses preso?” e ele responderá que tinha tido medo, mas que não tinha havido tempo para pensar, que os dedos se tinham mexido como se não fossem dele, que a vontade de fazer o que lhe parecera correcto não esperara esbarrar-se na razão e agira antes do pensamento intervir. Não sabia o que o homem fizera, mas quem não sabia de gente presa por erguer a voz no país de silêncio em que viviam? Ele conhecia, sabia e todos os dias calava. Podia fechar os olhos a maior parte do tempo, mas naquele momento fora chamado a agir. E agira.”
No País do Silêncio
Feira do Livro de Lisboa
Na Feira do Livro percebi, mais uma vez, que eu posso ter escrito o País do Silêncio, mas que não sou quem melhor o diz.
À conversa com Isabel Araújo Branco
Mérito das perguntas da Isabel e da eliminação do factor vídeo a acanhar o pensar, foi este, talvez, o resultado menos engasgado e a oralidade mais próxima de mim.
O mundo do meu parque
Vejo o mundo pequenino, neste ramo da árvore, penso como é fácil deixá-lo amadurecer e apodrecer, aqui sentada, em inócua inércia.
A minha casa é onde eu não estou
Nunca deixarei de ser Portuguesa, mas a palavra já não me define – e contudo, não há nenhuma outra melhor para me definir.
Instantâneo 2
Coimbra. Sala pequenina. Gente que vem porque o amigo diz. Estamos na franja do mundo. Da azáfama, das elites, do burburinho. Estamos à margem.
A Menina Invisível: convite e trailler
Estou em Portugal há quase um mês e, dependendo da hora do dia ou do propósito, ora me parece que cheguei há uma semana, ora